Na vida de um karateka existe a passagem por estágios, competições, demonstrações e outros eventos. De um modo natural, as solicitações para a participação nestes eventos vão surgindo e apelam ao gosto que o karateka terá pela arte que pratica mas também a outras que complementam o seu treino ou que simplesmente despertam o seu interesse.
Qual o valor real que representa a acumulação de participações em eventos e que mais valias traz para o praticante? No meu entendimento, todo e qualquer evento em que se participe traz alguma coisa de novo aos conhecimentos já adquiridos e por vezes, chama a atenção para outras interpretações de técnicas que já se executavam e que julgávamos imutáveis.
O currículo do karateka não se resume a uma lista de eventos onde participou mas sim ao número de oportunidades de acrescentar conhecimentos aqueles que adquire e treina diariamente. Sempre participei em Estágios de Goju Ryu mas tive também a oportunidade de treinar com mestres de outros estilos e artes o que enriqueceu o meu histórico de conhecimentos e contribuiu para o melhor entendimento do meu prório estilo de Karaté.
A idéia de que o estilo mais eficaz e perfeito é o nosso, surge do facto de ser aquele que conhecemos melhor porque o treinamos no dia a dia; conhecer um pouco dos outros estilos é conhecer melhor o nosso. Os conceitos de treino e as raízes dos vários estilos enterlaçam-se e por vezes as semelhanças são tão grandes que nos surpreendem.
Sempre que um grande Mestre ministra um Estágio, está a colocar ao nosso dispor os seus conhecimentos e a proporcionar-nos a oportunidade de trabalhar segundo a sua interpretação da Arte. A riqueza do treino reside no facto de cada ser humano ser diferente do outro e ter a sua própria visão daquilo que aprendeu, por outro lado, ao atingir um nível superior, um Mestre começa a desenvolver novas técnicas ou a juntar novas "nuances" ás técnicas já desenvolvidas o que fornece novos conhecimentos.
Curriculo é aprendizagem no mais elementar conceito da palavra. Ao participar num Estágio estou a preparar a minha mente para novas ideias e a aceitar ser o receptor das mensagens que serão veiculadas no evento. Como instrutor isto representa "a caixa de ferramentas" do meu "ofício".
É frequente o aluno perguntar-me quando executo uma técnica de modo diferente da que ele conhece: "Sensei... mas qual é forma correcta de executar essa técnica, a que aprendemos antes ou esta que agora faz?" - normalmente respondo: "As duas... quando vou executar uma tarefa da qual desconheço a complexidade, é melhor levar todas as ferramentas que tenho e não só aquelas que penso serem suficientes..."
Estamos em vésperas de receber em Portugal um Grande Mestre de Goju-Ryu, Sensei Leonard Sim, um 7º Dan da GKI, Associação que nos recebeu no seu seio recentemente. O Sensei Leonard Sim desloca-se ao nosso país com a finalidade de nos proporcionar dois dias de treino de karaté Goju-Ryu. É a oportunidade de enriquecermos o nosso "arsenal técnico". É a oportunidade de treinarmos com um dos grandes do karaté mundial. Espero que todos possam participar porque, tal como disse anteriormente, é assim que podemos evoluir como karatekas e como pessoas - estando lá, quando se partilham ideias....
Espero vê-los lá...