Muito se tem falado sobre a violência nas escolas, o bullying, etc. É verdade que a violência, de um modo geral, tem aumentado. Podemos culpar a imigração descontrolada, as falhas graves do nosso sistema penal ou a situação económica grave em que o País se encontra. Relativamente à violência em geral, posso até concordar, mas à violência nas escolas não consigo aceitar.Para vos dar uma ideia sobre o modo como alguns jovens são "educados", deixo aqui uma pequena história que me aconteceu há já algum tempo e que ilustra este estado de coisas:
Ao entrar no comboio para me dirigir ao emprego, comboio apinhado, deparo com um jovem sentado num dos bancos a com os pés apoiados no banco da frente. Headphones nos ouvidos, braços cruzados sobre o peito e olhos fechados. No corredor do comboio, montes de gente em pé. Ninguém se atrevia a dizer aquele sujeitinho que, além dos bancos não servirem para pôr os pés, estava a privar alguém que vai trabalhar todo o dia do direito a ir sentado. Este é um indivíduo que, certamente não foi devidamente educado no sentido de respeitar os direitos dos outros. O problema passa pela liberdade levada ao extremo. Não posso aceitar que um professor seja agredido por aqueles que precisam do seu trabalho para se educarem. Não posso aceitar que os professores entrem no seu local de trabalho aterrorizados sempre à espera que um "pirralho" mal criado os agrida física ou verbalmente. O respeito nas escolas morreu! Não existem mecanismos que punam firmemente um aluno que agrida um professor. Sabendo eles disto, porque é que não hão-de continuar? A culpabilização de alguns pais é imperativa. Se não souberam educar convenientemente os filhos, se não foram capazes de lhes mostrar os limites da sua liberdade, então têm de ser culpabilizados.
Assisto diariamente à tolerância de alguns pais relativamente às "birras" dos filhos. Temendo "traumatizá-los" não os castigam. Estão a produzir pequenos delinquentes que não têm razões para deixar de o ser porque sabem que sairão sempre impunes.
Sou instrutor de Karate o que me coloca na posição de educador também. Alguns pais que me procuram no sentido de ser o instrutor de karate dos filhos, manifestam o desejo que o treino lhes dê "alguma disciplina". Na verdade o que procuram é alguém que seja bem sucedido onde eles falharam - na educação. Embora sejamos também educadores, não somos "pais substitutos" nem nos podem exigir que, em menos de uma hora, "consertemos" aquilo que estragaram ao longo da sua vida.
Sempre eduquei os meus filhos com bastante disciplina, elevando o respeito que lhes era exigido relativamente aos outros bem como ao seu dever de deles exigirem o mesmo respeito. Esforcei-me por lhes mostrar onde acabava a sua liberdade e começava a dos outros. E sempre os puni quando mostravam indisciplina e falta de respeito. Hoje são homens íntegros, respeitadores e educados. Não sou melhor que os outros, não, e quando os tinha de punir também me era difícil. O que agora acontece é que estamos perante uma indisciplina e uma anarquia educativa que não é tolerável. Os direitos individuais e colectivos são constantemente atropelados impunemente.
Ser professor é, agora, uma profissão de risco. Qual é a motivação que um professor leva para a sala de aula ao verificar que alguns alunos não estão minimamente interessados naquilo que ele vai ensinar e que tudo farão para perturbar o bom funcionamento da aula, prejudicando o trabalho de todos?
É preciso tomar medidas. É urgente punir - alunos e pais - que agridam e desrespeitem. É preciso, acima de tudo, educar. É em casa que esse trabalho começa. Não esperem que os outros sejam pais "substitutos" e sobretudo, castiguem os vossos filhos que insultam e agridem.
Construam homens e mulheres respeitadores.