Há dias, em conversa com o pai de um aluno meu, este confessava-me: - "Gostava muito de praticar isto mas não tenho tempo." Comentei com ele o facto de muitas pessoas, na ânsia de organizarem o tempo disponível, o desperdiçarem. Disse-lhe eu que, a importância de se fazer qualquer coisa que se goste é enorme. Precisamos de actividades que nos dêem prazer e que nos façam sentir bem. Precisamos de conviver e de dar à mente o que ela precisa - tempo de descanso.
A situação económica do País é preocupante e todos estamos cientes dos esforços que nos vão ser exigidos. Vai ser difícil. Temos de nos preparar mentalmente para as dificuldades que se avizinham. Algumas pessoas são obrigadas a gerir dois e mais empregos porque o cônjuge ficou sem trabalho. É difícil e não há uma receita milagrosa para ultrapassar isto, mas não podemos ceder à depressão e ao isolamento - isto sim, mata. Temos de nos organizar... e deixar tempo para nós... para descomprimir. A sanidade mental é essencial para reorganizarmos uma vida que sofreu um abalo. As relações humanas são importantes porque somos animais sociais quer o queiramos quer não. Precisamos de conviver, trocar ideias, competir (saudavelmente). Eu sou um aficionado incondicional do convívio e da partilha de ideias. Eu não consigo viver sem conviver - faz parte de mim e tem sido a minha "válvula de escape". Quando entro no Dojo e me preparo para orientar uma aula sei que vou ensinar e aprender. Preciso do convívio e as minhas aulas não são dadas por mim - todos participam activamente. Não encaro o treino como uma forma de "despejar conhecimento" pelo simples facto de ter a consciência de não o ter todo. Já referi várias vezes o facto de me considerar afortunado pelo grupo de alunos que consegui reunir. A harmonia e a solidariedade que se percebe logo que se entra no Dojo é gratificante. A união e a amizade estão acima de qualquer graduação sem se perder o valor que esta tenha. Um "cinto negro" não é um "mestre" é um companheiro que nos pode ajudar - não é vedeta nem é o mais "sapiente" dos mortais - é, acima de tudo, um amigo pronto a ajudar. Dentro e fora do Dojo somos um grupo coeso e "indestrutível". Sempre fomos e, acredito, sempre seremos. Qual é a receita para este resultado? Humildade, amizade e união condimentado com humor e respeito. Só isto! Só sei que, profissional e pessoalmente sou uma melhor pessoa por conviver com estes indivíduos e que eles são melhores pessoas também por conviverem comigo e com os outros colegas... não é excelente??
1 comentário:
Caro José Ramalho:
Congratulo-te mais uma vez pela tua reflexão. Temos de marcar um dia para eu ir conviver contigo e com os nossos colegas ao teu Dojo.
Um abração
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