domingo, 1 de maio de 2011

As Federações e o seu papel na sociedade...

Ao acabar de ler o último post do meu amigo Armando inocentes sobre as Federações, não pude deixar de meditar um pouco sobre o papel da "nossa" federação no panorama do Karate "geral".
Todos temos consciência que o papel da Federação, real, é promover e defender a vertente competitiva do Karate. Aqui, a meu ver, é a redução que se tende a usar no Karate, ao compará-lo a outros desportos. O Karate é uma actividade física muito complexa e que envolve muitos componentes que não existem noutros desportos.
Ninguém pratica futebol sem competir porque o futebol é unicamente competição - só se joga para ganhar ao adversário . ponto final. Isto não acontece no karate. Grande parte dos instrutores (e ao que parece são cada vez mais) desilude-se com a competição. Se há muitos que fazem desse mundo a sua vida treinando apenas competidores, muitos há que "resistem" a entrar nessa vida. Eu estou incluído nestes últimos - para mim a competição é "um mal necessário" passo a expressão. Compreendo que a "montra" de alguns Dojos seja o rótulo de "fábrica de campeões" e que com isso obtenham a satisfação que precisam do karate. Para mim isso não tem expressão. A Federação tem um papel dominante nesta face do karate. A Federação "respira" competição e enfia-nos competição pela cabeça dentro - até nos cursos de treinador onde a palavra de ordem é - Por favor levem os "putos" a competir porque é fundamental.
Não acho que seja fundamental, não é certamente fundamental. Pode até ter alguma importância mas não é definitivamente fundamental.
No meu caso a Federação serve apenas um propósito - ter um seguro desportivo rápido e fácil de subscrever - porque não faço competição. Sou treinador de Nível 1 e reconheço aqui publicamente que aprendi bastante no curso mas fui obrigado a "purgar" a competição da matéria que dei. Até nas acções de formação estamos constantemente a "levar" com o "fundamental da competição".
Já dou aulas há muito tempo e formei vários Cintos Negros sempre sem dar muita importância à competição. "Se não envolverem os vossos alunos na competição, mais tarde ou mais cedo eles vão-se embora!" - ouvi isto no curso de Treinador. Pois bem... a maior parte dos meus alunos treina comigo desde criança e mantêm-se a treinar comigo. É totalmente falso este conceito. O Karate vive bem sem competição - é aliás uma forma de os manter afastados da falsa ideia de campeão que se exibe constantemente.
Quando ouço alguns a dizer que formaram vários campeões eu digo que formei vários karatekas - e pergunto: Daqui a alguns anos quais os que se mantém campeões e quais os que se mantém karatekas? - O karate é para a vida e a competição é para apenas alguns anos dessa vida.
Não tenho um único aluno que não esteja federado - ao contrário de muitos que vivem da competição e vão, à pressa, inscrever alunos na FNK-P para poderem participar em provas, no entanto, utilizam muito mais eles a "imagem" da FNK-P do que eu.
Qual é o resultado desta situação? Estes são muito "conhecidos" no "mundo do karate" e eu não. Uma grande parte dos karatekas mais velhos nem me conhece... nem tem muita importância este facto porque também não ando à procura de "conhecimentos" mas essencialmente é porque não faço "campeões".
Reconheço o valor incontestável da competição no karate, não me interpretem mal, o que acontece é que não me revejo nela, no entanto estou federado e todos os meus alunos também... se tenho alguma vantagem nisso? ainda estou a tentar perceber se tenho...

5 comentários:

Anónimo disse...

Sensei José Ramalho...

:)

Jorge Peixoto disse...

Eu subscrevo inteiramente esta opinião. Eu estou federado porque "tenho de estar" federado, mas contrapartidas nem vê-las ...

Armando Inocentes disse...

Bela opinião, mas convém uma reflexão!

Fiz competição (numa altura em que já me devia estar a reformar da dita!) para "saber e conhecer o que se sentia lá dentro" para melhor poder passar esses conhecimentos aos meus alunos que pretendessem comtetir! Portanto, não sou tão adepto da competição como pode parecer à primeira vista...

Duma premissa parto: nenhum treinador deve cortar as pernas aos seus alunos que pretenderem fazer competição e que para isso tenham potencialidades... ou então reencaminha-o para outro dojo!

O problema não está no fazer competição ou não - muitas vezes fazemos mais competição no treino no dojo do que na própria competução formal! O problema está no actual modelo... por isso mesmo os meus alunos também já não participam nas provas federativas - e expliquei-lhes os motivos! A competição TEM DE SER pedagógica. A actual NÃO É!

A federação é COMPETIÇÃO? É!

O problema está no que a instituição dá (ou não dá!) no aspecto da formação do ser humano integral.

Pagamos a quota da Asssociação? Pagamos! Pagamos a revalidação de Treinador? Pagamos! Depois de entrarem milhares pagos pelos futuros treinadores, vamos ter uma Acção de Formação oferecida pela federação? Não! Salva-se o seguro e... a sorte de não termos de comprar chuteiras nem sapatilhas!

Comparar o Karaté com os outros desportos? Não se pode comparar o imcomparável, mas o papel da Sistemática é estabelecer o relacionamento entra as várias modalidades e daí a necessidade também de uma taxonomia para as mesmas.

De resto, assino o post por baixo!

Armando Inocentes disse...

Claro que «competução» e «imcomparável» fazem parte do novo acordo ortográfico...

José Augusto disse...

José Ramalho tem toda a razão, mas esquece-se das necessidades lúdicas das crianças, de como é agradável na juventude aprender brincando e de como o homem necessita de competir não só consigo próprio mas também com o "outro" homem!

Quanto à Federação, já é altura de todos saberem que ninguém dá nada a ninguém... pelo menos enquanto o karaté for dominado pelos disossauros do Restelo!

HOSHIN-DO PORTUGAL

HOSHIN-DO PORTUGAL
CLUBE DE KARATÉ E DEFESA PESSOAL

HOSHINDO PORTUGAL

O Hoshin-Do Portugal - Clube de Karaté e Defesa Pessoal, foi criado com a finalidade de promover a prática do Karaté Goju-Ryu e da sua vertente de Defesa Pessoal.
Tem a sua sede na
Rua do Amor Perfeito, Nº 23 - 2745-717 Massamá
Os seus Instrutores são:

José Ramalho - 4º Dan
Nuno Santos - 4º Dan
Rui Catarrinha - 3º Dan
Joana Perdiz - 2º Dan