Quando iniciei a minha prática desta fascinante arte, eram poucos os karatekas com cinto negro. Os cintos castanhos, que também não eram muitos, asseguravam a substituição do mestre quando este se ausentava ou encarregavam-se de parte da classe quando o Instrutor necessitava de a dividir.
Nessa altura, o Cinto Castanho era, para mim, a primeira grande meta a atingir. Pela qualidade técnica que estes karatekas ostentavam na altura e pela sua postura - mantendo a disciplina e a ordem na aula secundando as directivas do Instrutor - os cintos castanhos tinham a minha admiração pela conquista merecida da graduação que exibiam.
Com o passar do tempo, o número de karatekas cintos castanhos aumentou muito, o que teve aspectos muito positivos porque isso significava que muitos karatekas atingiram um grau de "perfeição" técnica que lhes permitia ascender a esta mitica graduação. Infelizmente, a meu ver, isto não é inteiramente verdade; com classes muito numerosas e diversas faixas etárias para gerir, o Instrutor propõe a exame karatekas que atingiram o tempo de treino suficiente para a graduação muitas vezes esquecendo ou negligenciando o facto de que não é apenas o tempo de treino que exige a ascensão á graduação de cinto castanho mas sim, um grau de maturidade técnica e pessoal elevados.
Trata-se afinal, do ultimo patamar KYU e do "trampolim" para o Cinto Negro. O grau de exigência técnica nestas graduações deve ser grande. Esta graduação implica queo karateka não deve contar unicamente com o Instrutor para a sua progressão técnica - deve sim, investir na sua própria formação lendo, informando-se e organizando treinos pessoais onde deve dar particular interesse ao polimento da sua técnica tornando-no num exemplo aos olhos do Instrutor e dos colegas menos graduados.
Nos ultimos tempos tenho chamado á atenção dos meus alunos cintos castanhos da necessidade de investirem na sua formação treinando mais e melhor insistindo nos pormenores e exibindo uma conduta que inspire respeito e confiança. Precisamos do envolvimento destes karatekas na vida do Dojo porque eles representam a proxima geração de Cintos Negros. A sua preparação para este importante estagio depende de nós Instrutores mas também deles - assim provarão que assumem as responsabilidades para as quais se candidataram e que estão implicitas no seu elevado Estatuto.
2 comentários:
É verdade que há uns anos ser cinto castanho era uma meta quase inantingível e para isso contribuiam vários factores, entre eles, a escassez de exames, o facto dos cintos negros seram quase sempre os da faixa etária mais elevada o que significava que também eram os mais fortes. E, este ponto era muito importante. Para se ir a exame tínhamos, de facto, de ser muito fortes. Naquele tempo a técnica não era o mais importante, felizmente os tempos mudaram.
A mudança, como em tudo na vida, também trouxe coisas más. A graduação é vista como certa ao fim de algum tempo e a preocupação com a preparação para o exame começa a desaparecer. É evidente que existem louváveis excepções, e esses são os que vão dar grandes karatecas (ou já o são).
Nos tempos que correm, penso que nem alguns "Kuro Obi" merecem ser considerados "Graduados", dado que não se preocupam minimamente com a sua condição física ou técnica e, pior que isso, "baixam os braços" com demasiada facilidade.
Felizmente, temos o Sensei para nos espicaçar...
Publicidade enganosa. Quando entrei na página no canto superior direito dizia "um sessenta e nove", pensei logo: "g'anda sorte! vamos lá...". Só depois é que percebi que era o "visitante 169".
Devia ser proibido este tipo de publicidade que nos leva a humedecer os lábios para nada.
Bocas - o rebelde,
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