Uma das virtudes apontadas à pràtica das Artes Marciais, nomeadamente do karaté, é a Disciplina.
A disciplina é a forma de educar o karateka segundo a ética do karaté e os princípios inalienáveis da convivência humana.
A sociedade moderna vive frenéticamente. Os objectivos do ser humano actual são numerosos obrigando-o a uma luta diária num ritmo competitivo para os poder atingir. Nesta luta alguns princípios éticos são esquecidos ou deliberadamente omitidos, reflectindo-se este procedimento, nas normas de conduta do indivíduo.
É frequente os pais incutirem competitividade aos filhos porque acreditam que no mundo actual só se safam "os melhores". Ser competitivo é normal e saudável desde que não se caia no exagero, atropelando princípios que deviam ser a base do relacionamento harmonioso do ser humano. Ser competitivo ajuda-nos a superarmo-nos a nós próprios o que conduz á evolução, todavia este aspecto toma proporções por vezes, exageradas tornando-se frequentemente o único objectivo do karateka, levando-o a atropelar alguns princípios éticos interferindo seriamente com os direitos de outros.
As lutas de poder são uma constante e os meios usados para travar esta luta nem sempre são os mais honestos ou correctos. Esta luta começa nas Federações e nas Associações, onde os protagonistas são os pseudo-karatekas que exibem os Dan´s como troféus ou como "atestados de perfeição", sendo muito poucos os que reconhecem e aceitam que os verdadeiros valores da sua Arte não estão atados á cintura mas sim impregnados na personalidade do individuo sendo estes valores os verdadeiros e sólidos alicerces onde assenta o Karaté.
O professor faz... o aluno imita!
Ao mesmo tempo que se aprende a técnica, absorvem-se novos conceitos, novas idéias e diferentes opiniões. A conduta de um professor e a sua postura perante aqueles que se sujeitam aos seus ensinamentos serão sem sombra de dúvida o modelo que o aluno seguirá modelando a sua personalidade segundo a imagem transmitida. Isto representa uma responsabilidade de grandes dimensões pois como "mentores" somos em grande parte responsáveis por condutas menos próprias por parte dos nossos alunos se não lhes transmitirmos as regras a que todos os praticantes deverão estar sujeitos.
Pela minha parte sinto o peso tremendo desta responsabilidade e gosto de pensar que estou a contribuir para educar incutindo aos meus alunos os valores segundo os quais o Karaté se rege.
Sou instrutor de Karaté... não sou mestre. Gosto de ensinar o que sei mas peço aqueles que comigo treinam diariamente que me dêm a possibilidade de errar, porque errando aprendemos. Eu sou instrutor mas também sou aluno porque o processo de aprendizagem é contínuo, mas é essa afinal a riqueza desta fascinante Arte!
José Ramalho
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