sexta-feira, 2 de abril de 2010

Limites de liberdade... a educação que falta!

Muito se tem falado sobre a violência nas escolas, o bullying, etc. É verdade que a violência, de um modo geral, tem aumentado. Podemos culpar a imigração descontrolada, as falhas graves do nosso sistema penal ou a situação económica grave em que o País se encontra. Relativamente à violência em geral, posso até concordar, mas à violência nas escolas não consigo aceitar.
Para vos dar uma ideia sobre o modo como alguns jovens são "educados", deixo aqui uma pequena história que me aconteceu há já algum tempo e que ilustra este estado de coisas:
Ao entrar no comboio para me dirigir ao emprego, comboio apinhado, deparo com um jovem sentado num dos bancos a com os pés apoiados no banco da frente. Headphones nos ouvidos, braços cruzados sobre o peito e olhos fechados. No corredor do comboio, montes de gente em pé. Ninguém se atrevia a dizer aquele sujeitinho que, além dos bancos não servirem para pôr os pés, estava a privar alguém que vai trabalhar todo o dia do direito a ir sentado. Este é um indivíduo que, certamente não foi devidamente educado no sentido de respeitar os direitos dos outros. O problema passa pela liberdade levada ao extremo. Não posso aceitar que um professor seja agredido por aqueles que precisam do seu trabalho para se educarem. Não posso aceitar que os professores entrem no seu local de trabalho aterrorizados sempre à espera que um "pirralho" mal criado os agrida física ou verbalmente. O respeito nas escolas morreu! Não existem mecanismos que punam firmemente um aluno que agrida um professor. Sabendo eles disto, porque é que não hão-de continuar? A culpabilização de alguns pais é imperativa. Se não souberam educar convenientemente os filhos, se não foram capazes de lhes mostrar os limites da sua liberdade, então têm de ser culpabilizados.
Assisto diariamente à tolerância de alguns pais relativamente às "birras" dos filhos. Temendo "traumatizá-los" não os castigam. Estão a produzir pequenos delinquentes que não têm razões para deixar de o ser porque sabem que sairão sempre impunes.
Sou instrutor de Karate o que me coloca na posição de educador também. Alguns pais que me procuram no sentido de ser o instrutor de karate dos filhos, manifestam o desejo que o treino lhes dê "alguma disciplina". Na verdade o que procuram é alguém que seja bem sucedido onde eles falharam - na educação. Embora sejamos também educadores, não somos "pais substitutos" nem nos podem exigir que, em menos de uma hora, "consertemos" aquilo que estragaram ao longo da sua vida.

Sempre eduquei os meus filhos com bastante disciplina, elevando o respeito que lhes era exigido relativamente aos outros bem como ao seu dever de deles exigirem o mesmo respeito. Esforcei-me por lhes mostrar onde acabava a sua liberdade e começava a dos outros. E sempre os puni quando mostravam indisciplina e falta de respeito. Hoje são homens íntegros, respeitadores e educados. Não sou melhor que os outros, não, e quando os tinha de punir também me era difícil. O que agora acontece é que estamos perante uma indisciplina e uma anarquia educativa que não é tolerável. Os direitos individuais e colectivos são constantemente atropelados impunemente.
Ser professor é, agora, uma profissão de risco. Qual é a motivação que um professor leva para a sala de aula ao verificar que alguns alunos não estão minimamente interessados naquilo que ele vai ensinar e que tudo farão para perturbar o bom funcionamento da aula, prejudicando o trabalho de todos?
É preciso tomar medidas. É urgente punir - alunos e pais - que agridam e desrespeitem. É preciso, acima de tudo, educar. É em casa que esse trabalho começa. Não esperem que os outros sejam pais "substitutos" e sobretudo, castiguem os vossos filhos que insultam e agridem.

Construam homens e mulheres respeitadores.

8 comentários:

Armando Inocentes disse...

Caro amigo Ramalho:

Como Professor, como Treinador de Karaté e como Formador mais uma vez te dou os parabés por este escrito.

Nada mais há a acrescentar àquilo que dizes a não ser a minha solidariedade pa contigo.

O que dizes (ou escreves) não deve ficar só no teu blog. Peço-te autorização para enviar o conteúdo deste post para alguns golegas meus que possuem blogs relacionados com o que se passa nas Escolas.

Um abraço

Armando Inocentes

Luís Sérgio disse...

Excelente post. Parabéns !
Põe de o dedo na ferida.
Cordiais saudações,

Luís Sérgio

Luís Sérgio disse...

Excelente post. Parabéns !
Põe de o dedo na ferida.
Cordiais saudações,

Luís Sérgio

José Ramalho disse...

Amigo Armando... se achas que pode ajudar, usa o quiseres do post. Penso que é tempo de tomarmos consciência deste grande problema. Aos dois comentários que "respondem" a este post, Obrigado pelas vossas palavras.

Daniel Ramalho disse...

Se me permitem, acrescento algo ao que foi dito enquanto filho do autor do post.

Sempre houve respeito em nossa casa e não me lembro de alguma vez ter sido punido injustamente ou em excesso. Mas há um outro factor a mencionar que foi da maior importância na minha formação e na do meu irmão, e que julgo ser pelo menos tão fundamental na edificação de carácter quanto a punição: a recompensa pelo esforço.

Não me refiro somente a recompensas materiais (embora também tenham existido), mas ao simples interesse e congratulação sem reservas pelos pequenos sucessos. Mais do que o medo de ser punido se tivesse uma nota má, foi o desejo de ser alvo da satisfação dos meus pais que me levou a esforçar-me mesmo quando a vontade era pouca ou nenhuma. Mais: tive uma carreira académica (que ainda continua) bastante bem sucedida sem que tenha sido punido por um resultado menos bom uma única vez. Simplesmente não foi preciso.

É por isto que digo que a diminuição do nível de exigência em qualquer tipo de ensino tem implicações directas no comportamento dos alunos. Se for fácil ser bem sucedido, qual a motivação para sê-lo? De nada serve a recompensa sem o sentimento de que é merecida.

Recompensa e punição na justa medida do que é exigido. Para mim, é quanto basta para uma mudança de paradigma nas escolas e, por maioria de razão, nas mentalidades.

Mas acima de tudo, repetindo o que foi dito no post, a educação começa em casa. O filho que se esforça porque se não tirar boas notas será castigado só vai esforçar-se enquanto estiver no poder dos pais castigá-lo, e por vezes nem isso. Mas o esforço que brota do desejo de ser alvo de orgulho daqueles que admira é o que impele à excelência, porque não há punição mais eficaz do que aquela que nós próprios infligimos a nós próprios quando nos sacrificamos por um objectivo.

É o gérmen do perfeccionismo saudável - e esse, uma vez tornado predicado do carácter, sobrevive aos próprios pais que o semearam.

Rui Valadas disse...

Bem dito...
Hoje em dia grande parte da juventude não têm respeito por ninguém. Podem fazer tudo o que bem lhes apetece e saem impunes. Eu fui educado de forma a sempre respeitar todos(desde que reciproco). Ai de mim que levantasse a voz ou fizesse algum gesto ameaçado a alguém mais velho.

Para mim, acho que muitas das escolas deviam pensar mais no bem estar dos professores e alunos e puni-los caso haja prevaricação, mas exemplarmente! O grande problema disto é que como a escola não quer que exista problemas na mesma e abafa-os de forma a ter mais uns pontinhos na avaliação das escolas. Pura e simplesmente inconcebível!

Eu sei que não fui um aluno perfeito, mas nunca faltei ao respeito a nenhum professor(isto porque se tivesse algum recadinho para os pais já sei que levava nas orelhas) quanto mais chegar ao ponto de agredir alguém. Acho que devia haver mediação entre o professor e o aluno de forma a resolver os conflitos e re-estabelecer a autoridade do professor numa sala de aula. São estas pessoas que vão moldar os nossos jovens e como tal há que os apoiar! Carácter e disciplina é com os pais, Educação é com a escola, mas os pais tem que ajudar nesta tarefa também.
Isto não é como uma fábrica que é mandar os filhos cá para fora e esperam que as outras pessoas eduquem os nossos filhos por nós.

David Ramalho disse...

Concordo na íntegra com o que foi dito no post e nos comentários.

Para além daquilo que disse o Nelo, penso que também contribuiu muito na minha formação o facto de o meu pai me ameaçar com Sensei Peixoto de cada vez que eu pisava o risco.

Enfim, era só pra... prontos.

Daniel Ramalho disse...

Concordo também com o comentário do David, embora apenas em parte, na medida em que estou convencido que Nelo seja a sua prima.

HOSHIN-DO PORTUGAL

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CLUBE DE KARATÉ E DEFESA PESSOAL

HOSHINDO PORTUGAL

O Hoshin-Do Portugal - Clube de Karaté e Defesa Pessoal, foi criado com a finalidade de promover a prática do Karaté Goju-Ryu e da sua vertente de Defesa Pessoal.
Tem a sua sede na
Rua do Amor Perfeito, Nº 23 - 2745-717 Massamá
Os seus Instrutores são:

José Ramalho - 4º Dan
Nuno Santos - 4º Dan
Rui Catarrinha - 3º Dan
Joana Perdiz - 2º Dan