Atento à situação económica do meu País, foi com imensa satisfação que tomei conhecimento das novas medidas impostas por este magnífico governo, para nos tirar da crise. Não deixei de ficar imensamente sensibilizado com a importância vital dada à classe social em que me insiro (pelo menos por agora) - a tão falada CLASSE MÉDIA.
Foi com uma lágrima deslizando furtivamente pela minha face, sensibilizado, tocado no mais profundo do meu ser, que percebi a importância que eu e todos os portugueses da tal "classe média" vamos ter no futuro deste lindo pedaço de terra. Porquê? Porque serão os nossos impostos que serão aumentados, porque serão os nossos "benefícios fiscais" que serão utilizados e muito bem, para nos tirar do "buraco" e porque nos vão deixar trabalhar atá aos 90 anos impedindo-nos, no caso de um acesso de loucura momentânea, de tentar pedir a reforma, afinal estupidamente porque apenas temos 40 e tal anos de descontos. Este governo permite-me ter dois empregos e assim descontar duas vezes o que aumenta a minha felicidade por saber intimamente que irei ser um dos melhores contribuintes para a "causa". E que causa é esta? É simples: Uma causa que vai permitir aos "gestores" e "acessores" continuarem a ter motorista permanente e a poderem mudar de viatura todos os anos (afinal não queremos que fiquem "empanados" no meio da estrada e impedidos de desempenhar as suas funções (sejam elas quais forem). Foi graças ao meu modesto contributo que pudemos ter uma comemoração do 5 de Outubro onde se puderam gastar milhares de euros. Fico contente porque pude contribuir ao longo dos meus anos contributivos para as reformas vitalícias dos políticos (os mesmos que agora me querem f....) embora alguns só estejam em funções por apenas 4 anos. Fico acima de tudo satisfeito por poder ouvir dizer que o vencimento que aufiro é "alto". Afinal só agora tomo conhecimento da minha importância na vida de Portugal - sou eu que o vou salvar! Têm dúvidas? Agora, a ladear com o túmulo do soldado desconhecido, irá estar o meu - o contribuinte desconhecido. Desconhecido porque ninguém vai querer saber se eu não puder pagar as contas porque o meu ordenado vais ser reduzido por força da carga fiscal. Desconhecido porque ninguém vai querer saber se eu trabalho há 40 ou 50 anos... só interessa saber até onde posso ser espremido na minha energia laboral... não interessa se tenho encargos com filhos, sogra, gato ou cão... interessa PAGAR! Eu só espero que a letargia nacional tenha um fim... porque o nosso está à vista.
1 comentário:
Caro amigo José Ramalho:
Como sempre a tua reflexão é pertinente. Há os que estão no poder (e quem pode manda!) e há os mexilhões...
Quem está no poder não anda de autocarro, de comboio ou de metro – tem o seu carro do Estado pago por nós! Quem está no poder não apanha os engarrafamentos do IC19 – tem os seus batedores e nós é que temos que encostar! Quem está no poder não vai à “sopa dos pobres” – vai ao Tavares Rico! Quem está no poder não vai para as filas na farmácia ou no supermercado – tem quem vá por eles! Quem está no poder trabalha (ou finge que trabalha) em gabinetes alcatifados e com ar condicionado – onde não chove como nas salas de aulas das nossas escolas! Quem está no poder não ganha o mesmo salário que nós, mesmo que trabalhemos o mesmo (será?)!
Para estes senhores, 10% de muito não é nada, mas para nós 5% de pouco já é muito!
De facto, o sofrimento destes pulhíticos faz-nos dó, mete-nos pena… mas só pela sua maneira de raciocinar e de pensar!
E isto é igual no desporto... Quem está no podeer pode e manda...
Daqui a 20 ou 30 anos os meus alunos lembrar-se-ão de mim, os teus clientes da farmácia ainda se lembrarão de ti, mas destes tristes só se lembrará algum manual “rasca” de História! Estarei ao teu lado no túmulo do contribuinte desconhecido (espero que do lado direito!).
Um grande abraço!
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